Os pés no chão, o contato.Outros reinos, não os de meu dia a dia. No início da caminhada as pedrinhas em agulhas falavam mais alto, fazendo-me pisar com cuidado até equilibrar, se é que isto é possível. Depois os joelhos que dobravam finalmente, para subir o morro, dobravam também minhas durezas, e eu achei melhor rir bem alto daquilo tudo, porque por mais alta que fosse minha gargalhada, o som dissipava-se em ecos pelos canaviais, o que fazia-me rir muito mais.
A sensação de prazer e força dentro do peito, superava toda a dor que logo já não mais existia. Caminhamos em dez, entre sotaques de norte a sul, e conversas de crianças embriagadas de tanta garapa.
Verde não faltava, histórias, flores colhidas no caminho, até recebi um galho florido de um amigo.
Mas deixei alí mesmo o "bouquet"...Não que eu não ligue para flores, mas muito mais o gesto, levo comigo por muito tempo, em minhas memórias. Água, água, água, na cachoeira, no chuveiro e em qualquer torneira, pureza cristalina de melodias em mim. Escrever, contar em palavras é pouco, muito pouco. Fico então assim, entre mudanças e mudas, nesta mesma sensação, arroz, mandioca, cana de açúcar e dez mudas de milho plantadas. Muda de mim. Calada.
Breves Pensamentos dedicado a Yoko Noen por Fatima Varella
VONTADE DE FICAR| foto e manipulação digital por fatima varella | estudio macromicro|Trabalho de Outubro | série Detalhes
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